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Mais humanidade - a medicina dos simples

 


                                                       Foto: Araquém Alcantara/Médicos Cubanos
                                   Um fotógrafo, um homem que capturou a essência da Humanidade.


MAIS HUMANIDADE - A MEDICINA DOS SIMPLES

 

Saúde é palavra doce, mas também traz uma angústia, quando é abalada e não conseguimos compreender o básico. Qual a parte que te toca? O que cada um pode fazer cotidianamente e evitar muitos problemas? O que podemos fazer no nosso círculo direto de relacionamento?

“De médico, advogado e louco, cada um tem um pouco”. Você já ouviu essa frase com certeza.

Saúde e humanização é tema que precisamos discutir e absorver com urgência. Uma urgência que abandonamos ao longo das últimas décadas e que arrebatou muitos de nós. Foi um caos.

A desigualdade avançou de uma forma tão desproporcional que aceitamos extermínio televisionado e cortes de direitos fundamentais como se nada disso sequer existisse.

Adicionamos a palavra “cancelamento” no dia a dia e ainda não decoramos muito bem o que a realidade quer dizer.

É preciso retomar as palavras: Humanidade, simplicidade, coragem, direito e respeito. Todas cabem na palma da mão, mas esquecemos de segurá-las.

Humanização – nosso 1º ponto: o atendimento humanizado não é favor e sim direito. Em 2000, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar com o objetivo de “aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si e do hospital com a comunidade” (Brasil, 2001, p. 7) Em 2003, o Ministério da Saúde reavaliou o PNHAH e lançou a Política Nacional de Humanização (PNH), a qual estendeu a humanização para toda a rede SUS. Assim sendo, veja a citação de Rios, 2009, p. 257, explanado uma realidade importante.

A humanização focaliza com especial atenção os processos de trabalho e os modelos de gestão e planejamento, interferindo no cerne da vida institucional, local onde de fato se engendram os vícios e os abusos da violência institucional. O resultado esperado é a valorização das pessoas em todas as práticas de atenção e gestão, a integração, o compromisso e a responsabilidade de todos com o bem comum (Rios, 2009, p. 257).

O que sabemos e podemos afirmar é que no SUS, enquanto sistema universal de acesso à saúde, não exclui qualquer pessoa que precise de algum atendimento e, na Atenção Básica, segue-se a mesma linha onde no seu § 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, funcional e outras. (Brasil, 2017).

Assim, tanto no Plano Nacional de Atenção Básica (PNAB), quando no PNH – Plano Nacional de Humanização as duas políticas também são complementares quanto à humanização, pois determinam que os serviços de saúde devem ser estruturados com ambientes e tecnologias adequadas, recursos humanos e materiais suficientes e proporcionar aos trabalhadores da saúde educação permanente para sua capacitação e para que a humanização desses profissionais continue...uma via de mão dupla.

Falar de humanidade é isso, uma via de mão dupla. Falar de humanização das redes é urgente.

PNH deve permear toda a Rede de Atenção à Saúde, desde a Unidade Básica de Saúde até as instituições hospitalares e se junta a simplicidade – nosso 2º ponto: uma linguagem simples, direta e cuidadosa. Novamente em todos os âmbitos.

Do paciente que chega, ao profissional que acolhe e a instituição que abraça esse profissional. Transformar os locais e estabelecimentos, suas gentes e profissionais e os usuários em um grande mecanismo que gira através do reconhecimento de que no outro há um ser humano e deve ser respeitado, com informação claras e um relacionamento respeitoso, implica em muitas coisas que as vezes não prestamos atenção. Locais claros, acessíveis, visualmente informativos. Limpos, abertos e que permitam com que tantos os profissionais quanto os usuários se sintam acolhidos e respeitados de alguma forma.

Nosso 3º ponto: Coragem para lutar por uma agenda tão necessária e tão urgente. Buscar a efetivação da humanização dentro do SUS e tudo o que isso implica é fundamental e primordial. A agenda negacionista que explode a qualquer apito de cachorro, destrói muita coisa e isso é claro: um achismo pelo zap transforma toda uma rede de saúde em local perigoso, todo paciente em bandido e todo médico/a em viciado. Vejam o que fizeram com o programa de vacinação no Brasil, despencou, mesmo com efetividade cientificamente comprovada, teve sua trajetória de sucesso comprometida.

Me recordo que lí algo em meados do ano 2.000, que dizia mais ou menos assim: “Para saber se um país é de terceiro mundo, basta ver a quantidade de supermercados gigantescos, farmácias em todo canto e uma proliferação de igrejas em cada esquina.” Comprar o superficial (comer chuchu e arrotar caviar), adoecer e ter medo de doença (medicações ao alcance das mãos para absolutamente tudo) e correr atrás de um milagre (normalmente financeiro e supostamente moral).

Com a coragem, se alinham o direito e o respeito. O direito de um atendimento humanizado, justo, cuidadoso e amoroso. O respeito de quem procura ajuda e de quem provê essa ajuda.

Um exemplo disso, são alguns dos números do programa Mais Médicos e desde já, o nosso respeito por esses profissionais:

O Mais Médicos, criado em 2013, é um programa que contou com a aprovação do legislativo. A cooperação entre o estado brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que firmou o convênio entre Brasil e Cuba para a vinda dos profissionais daquele país, contou com a colaboração de cerca de 20 mil cubanos, que, segundo dados do Ministério da Saúde de Cuba, atenderam mais de 113,3 milhões de pacientes em mais de 3.600 municípios brasileiros. Os médicos cubanos constituem 80% dos médicos do programa, que levou a mais de 700 municípios um médico pela primeira vez na história. (CNS/2018)

E as consequências do término de 5 anos de projeto em 2018/2019. Aproximadamente 9 mil médicos cubanos integraram o programa, mas a parceria acabou em 2018, quando os profissionais retornaram ao seu país de origem.

Com fim da cooperação, mais de 8.500 médicos que atuam em 2.885 municípios, sairão imediatamente dos locais onde estão hoje trabalhando. A maioria das localidades é de áreas vulneráveis: Norte do país, semiárido nordestino, cidades com baixo IDH, regiões de comunidades indígenas, periferias de grandes centros urbanos. A saída dos médicos cubanos deixará 1.575 municípios sem médicos, 80% desses são cidades pequenas, com menos de 20 mil habitantes. Há ainda 300 médicos cubanos atuando em aldeias indígenas. Isso é 75% dos médicos que atuam na saúde indígena do país. (CNS/2018)

Tire suas dúvidas com o novo programa Mais Médicos:

https://www.youtube.com/watch?v=rVqDeBx3MTA

quando se trata de saúde e respeito, cuidado e principalmente de humanização, temos que ter em mente que falamos de preservar vidas. Toda vida importa.

Outra dica importante: Busque informação no lugar certo, não desumanize o SUS, ele salva vidas. https://www.gov.br/saude/pt-br

PNH - https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/humanizasus

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pdf

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