Doutores do inferno: mulheres utilizadas para reanimação
Foto: http://www.cantodaesperanca.blogspot.com.br/2005/02/holocausto-sim-de-novo-em-forma-de.html
As mulheres do campo de concentração que eram utilizadas para reanimação
nos experimentos de congelamento recebiam o nome de "prostitutas". Em
um memorando datado de 5 de novembro de 1942, o doutor Rascher escreveu:
"Para os experimentos de reanimação mediante calor animal depois do
congelamento, tal e qual ordenou o Reichsführer-SS, quatro mulheres do
campo de concentração de Ravensbrück assinaram". (…)
O que se segue é uma carta de Rascher a Himmler datada de 17 de
fevereiro de 1943. A carta resume a eficácia do processo de reanimação
humana.
(…) "Atualmente estou tentando demonstrar através de experimentos com
seres humanos que é possível reanimar pessoas congeladas com frio seco
com a mesma rapidez que pessoas congeladas por imersão na água fria. O
Gruppenführer doutor Grawitz, do Serviço Médico da SS, duvidava muito
que isto fosse possível (…) Até agora congelei umas trinta pessoas as
deixando desnudas e sujeitas à intempérie por nove e catorze horas, a
temperaturas entre 0 e -1º C. Passada uma hora de paroxismo, colocava os
ditos sujeitos em uma banheira de água quente. De momento, todos os
pacientes se recuperaram no prazo de uma hora, no máximo; ainda que
alguns deles tenham as mãos e os pés brancos pelo congelamento. Em
alguns casos, observou-se uma leve fatiga e uma febre ligeira no dia
seguinte do experimento. Não se observou nenhum resultado fatal como
consequência de um aquecimento tão rápido ao extremo. De momento não se
pode levar a cabo nenhuma reanimação na sauna, como você me ordenou, meu
caro Reichsführer (…)"
O documento adjunto, classificado como "secreto", diz o seguinte:
"Experimentos para a reanimação mediante calor animal de seres humanos submetidos a frio intenso.
A. A propósito dos experimentos:
Comprovar se a reanimação de pessoas submetidas a frio intenso
mediante calor animal (ou seja, calor de animais ou de seres humanos) é
tão boa ou melhor que a reanimação mediante meios físicos ou médicos.
B. Metodologia dos experimentos:
Esfriava-se os sujeitos da experimentação pelo modo habitual (com
roupa ou sem ela), em água fria, com temperaturas que variavam entre 4º C
e 9º C. A temperatura retal de cada um dos sujeitos era registrada por
meios termelétricos. A queda da temperatura se manifestava no intervalo
de tempo habitual, dependendo do estado físico geral do sujeito da
experimentação e da temperatura da água. Tirava-se da água os sujeitos
da experimentação quando sua temperatura retal alcançava os 30º C.
Chegado a esse ponto, todos os sujeitos haviam perdido a consciência. Em
oito casos, foram colocados os sujeitos entre duas mulheres desnudas,
em uma cama espaçosa. As mulheres deviam ficar o mais próximo possível
da pessoa gelada. Depois, eram cobertos os três com mantas. Não se
tentava acelerar o processo de reanimação com o uso de lâmpadas ou
remédios.
C. Resultados:
1. Chama a atenção que, quando se tomava a temperatura do sujeito, havia ocorrido uma nova queda de até 3º C, ou seja, uma queda maior da que fora visto em qualquer outro método de reanimação. Observou-se, contudo, que o sujeito recuperava antes a consciência, ou seja, a uma temperatura corporal mais baixa que com outros métodos de reaquecimento. Uma vez que o sujeito recuperasse a consciência, não voltava a perdê-la e em seguida compreendia a situação e se aproximava junto às mulheres desnudas. A partir de então, a subida de temperatura corporal era produzida com a mesma rapidez com a qual sujeitos de experimentação haviam sido reanimados lhes cobrindo com mantas. Houve quatro exceções nas quais os sujeitos da experimentação efetuaram ato sexual a temperaturas corporais entre 30º C e 32º C. Com esses sujeitos, a temperatura subiu muito rapidamente depois do ato sexual, o que podia ser comparado com a subida rápida da temperatura em uma banheira de água quente.D. Conclusão:
2. Outra série de experimentos girou em torno da reanimação de pessoas submetidas a frio intenso valendo-se de uma só mulher. Em todos esses casos a reanimação foi notavelmente mais rápida que a conseguida por duas mulheres. (…)
Os experimentos de reanimação de sujeitos submetidos a frio intenso demonstraram que a reanimação mediante calor animal é muito lenta. (…) Dado que a exposição física prolongada a baixas temperaturas implica num risco de lesões internas, há de se escolher o método de reanimação que garanta a atenuação mais veloz de temperaturas perigosamente baixas. Este método, segundo nossa experiência, é o subministrado rápido e massivo de calor mediante um banho quente. (…)
Dachau, 12 de fevereiro de 1943.
Assinado: Doutor S. Rascher
Hauptssturmführer-SS
Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/16/doctores-del-infierno-mujeres-utilizadas-para-la-reanimacion/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (edição espanhola)
(livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 140-145; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena
Matéria - Holocausto, documentação histórica.
AMSK/Brasil,