A SAÚDE EM 2014
A população brasileira está vivendo mais. Essa é uma verdade, entretanto
não estamos mais saudáveis. Simples, não estamos mais felizes, ao contrário,
quantas pessoas você conhece que usam antidepressivos, calmantes e relaxantes
como água. Simples assim.
Não conseguimos entender as linhas que dividem os brasileiros, dos
pobres a classe média, dos ricos aos milionários e a vida se segue. Faltaram os
miseráveis, aqueles que estão entre os 16 milhões de brasileiros que passam
fome.
Desaprendemos a olhar as coisas simples e o consumismo minou a mesa dos
cidadãos comuns. Coca cola é sinônimo de felicidade, whisky voltou a ser
sinônimo de gente rica e toda e qualquer pessoa pode comprar um espumante e
tomar na virada do ano.
O consumo de anabolizantes aumentou e ninguém precisa de número para
saber disso, basta ver nas rodas onde a classe média aparece, a cirurgia
plástica matou mais pessoas nesse ano e a vaidade ocupa largamente as mídias,
são as compras em busca da beleza.
(se reconheceu o problema, soube de sua existência, concordar ou não é outra coisa, mas enfim não é mais proibido dizer num hospital: sou prostituta)
A saúde ficou de lado em todas as prateleiras e olha que pela primeira
vez, temos um Ministro da Saúde que enfrentou frente a frente o Conselho
Federal de medicina e enfim disse publicamente quem manda na saúde.
Precisamos importar médicos cubanos, médicos brasileiros, médicos
espanhóis, mas acredito fielmente que no fundo trouxemos mais seres humanos,
acostumados com um senso e uma percepção de saúde diferente. Precisa-se incluir
humildade nos currículos de medicina, precisa-se resgatar a vocação e
precisa-se urgentemente de polícia dentro dos hospitais. O desvio, a mal uso, a
falta de qualificação e o jeitinho, adoecem qualquer um.
Em 2013 muita coisa foi feita em prol dos que não aparecem na mídia,
fazem parte da população que optou por acreditar e a divisão se fez. Custaram
aceitar a homeopatia e a acupuntura nos hospitais, tentaram elitizar o máximo e
graças perderam essa batalha. Falta de algodão a equipamento nos postos e nos
hospitais. Faltam médicos, especialistas, macas, remédios e sonho. Mais médicos
são reprovados, mais verbas são desviadas e mais planos de saúde pioraram. No
Brasil depois dos 40 anos você não tem mais direito a saúde.
Desaprendemos a comer, a sorrir, a dormir, mas vamos pra copa. Não temos
saneamento básico, nem higiene e educação, mas nos sobram craque, armas e
corrupção; mas tudo isso faz parte da saúde.
A classe média assiste os famosos viajarem para o exterior a procura de
centros de medicina, as famílias assistem seus filhos jovens médicos embarcando
para outros países a fim de desenvolver uma medicina possível e o Brasil
assiste um jogo de empurra daqui e Dalí, como se toda essa estrutura já fizesse
parte da paisagem. Os miseráveis assistem os seus morrendo como sempre foi e
ainda será por um bom tempo. As chuvas mataram aquelas pessoas mais pobres, a
miséria os matou, o governo os matou, não as chuvas. Faltam remédios, sobram
sepulturas. A saúde do governo não anda bem.
Descobrimos que o café, a carne de porco e o ovo não são os grandes
vilões ... veremos quais serão os próximos condenados. Criamos as soluções
práticas para o câncer de mama – TIRE TUDO. Arranque isso, retire aquilo e
pronto, fim de papo. A hipocrisia mata hoje no Brasil, mais do que nunca.
Temos o melhor sistema de atendimento a saúde do mundo, mas não temos
caráter, gente e justiça que o faça andar, na dúvida acione o Ministério
Público para ter direito a um remédio ou a não morrer numa dessas filas de 3 ou
5 horas de espera.
Cuide-se, ficar doente por aqui, significa enfrentar uma bateria de
contradições que podem te levar a morte.
Em 2014 muita gente teve a dignidade de ser reconhecido como gente pelo
MS e essas campanhas foram fantásticas. Muitas doenças chegaram a ser
classificadas como passíveis de cura. A tecnologia cresceu para combater o que
ela mesma ajudou a criar.
A saúde que queremos em 2014, passa pela construção de esgotos, pela
distribuição de água potável de qualidade, passa pelo saneamento básico, passa
pela universidades e escolas primárias, passa pela valorização das medicinas
tradicionais, pela ampliação dos agentes comunitários de saúde, pelo curso de
administração hospitalar, passa pelo curso de cidadania, pela valorização das
parteiras, passa pela construção de rodovias e vias que levem alimento de forma
mais barata e saudável, pelo combate ao alcoolismos (socialmente aceito no
nosso país), por melhores salários dos médicos, por menos roubos nos hospitais
e pela cadeia para os governos que lesarem as verbas destinadas ao povo. Em algumas
localidades a construção de banheiros
resolveria grande parte dos problemas, simples assim, se a saúde no Brasil não
fosse tratada como caso de polícia.
Não existem culpados diretos, existem anos de má informação,
negligencia, mediocridade e desprezo pelo ser humano. Temos tudo para fazer do
nosso país um modelo de atendimento a saúde na base, física e teórica,
precisamos de humanidade o suficiente para colocar em prática.
A saúde não é um recorte do governo e nem o ministro é um santo
milagreiro. Saúde é um direito básico, pautado na observação da dignidade
básica, que todo país que se preze, deve fazer cumprir. Saúde; seu nome é
direito à dignidade.
A equipe dos Homeopatas dos Pés Descalços.