Dr Luís Augusto Caldas
Neurologista e Homeopata
Como a Homeopatia é uma especialidade
médica pouco conhecida em sua profundidade e tradicionalmente usada nas
famílias, para tratamento doméstico, receitada pelas vovós, surgiram
versões distorcidas, populares, do que vem a ser esta especialidade.
Tais equívocos foram pouco a pouco sendo incorporados à especialidade,
tanto por intermédio dos leigos quanto entre alguns médicos alopatas, e
viraram tradição. Lamentavelmente, ainda hoje os homeopatas têm de lidar
com mais esta dificuldade em sua especialidade.
Com o fim de
desmistificar o que dizem sobre a ciência homeopática, relaciono, a
seguir, os mitos e lendas que persistem:
Creio
que esta idéia surgiu exatamente por causa do receituário homeopático
popular. As pessoas, no século XIX e ainda em nossos dias, sempre
tiveram a tendência à auto-medicação ou, o que dá no mesmo, ao
tratamento doméstico das enfermidades, reservando a presença do médico
para os casos mais graves. Nossas avós escolheram o tratamento
homeopático por causa de sua aparente ausência de efeitos colaterais
imediatos, quando comparado com as drogas mais agressivas da alopatia.
Algumas farmácias homeopáticas antigas, vendo uma fonte de lucro nas
receitas populares, trataram de incentiva-la, montando, inclusive, para
venda, caixinhas dos remédios mais comuns e “dicas” de suas principais
indicações. Sem dúvida, essas caixinhas eram úteis em um primeiro
momento, quando o remédio atuava. Porém, por conta da multiplicidade de
efeitos dos remédios homeopáticos, em vários órgãos e sistemas, e das
peculiaridades necessárias para receita-los bem, as boas velhinhas
erravam muito em suas prescrições, pelos motivos expostos abaixo:
Na
Homeopatia, temos o remédio perfeita e individualmente indicado no
tratamento e que cura desde a mente até o corpo – o simillimum. Se a
indicação do remédio não o relaciona exatamente com o doente, qual chave
na fechadura, a cura não se apresenta, embora possa haver uma certa
melhora da doença – temos aí o remédio que chamamos de similar. Quando o
medicamento está tão mal indicado que em nada se parece com as queixas
dos enfermos, eles só pioram ou, no mínimo, nenhum distúrbio perceptível
acontece.
Nos pacientes que tomam seus remédios perfeitamente
indicados, a cura é muito rápida, se houver, no doente, boa vitalidade.
Existem casos, porém, em que a enfermidade está há anos infiltrando no
organismo das pessoas, ajudada pelas supressões (vide artigo específico
neste blog), supressões estas que são feitas por conta própria e com a
ajuda involuntária dos alopatas. Seria impossível
eliminar as doenças, assim tão enraizadas, de um momento para o outro, e
faz-se necessário um tratamento mais ou menos prolongado para desalojar
o mal. Aí está um dos pontos mais difíceis de serem entendidos pelos
leigos, acostumados que estão com as receitas alopáticas, cujo objetivo é
combater UMA doença específica, não à totalidade dos males de algum
paciente. Podemos comparar a dois operários, um muito lento e preguiçoso
e outro bastante ágil e atuante. Digamos que a escala de serviços
colocou o operário preguiçoso para construir uma pequena parede de
tijolos, com um metro de extensão. Já o operário ativo foi posto para
erguer outra parede de tijolos, com 50 metros de extensão. Apesar das
características opostas dos dois trabalhadores, é bem provável que o
preguiçoso termine primeiro sua obrigação. Em um olhar superficial, o
bom operário seria tido como lento pois, ao final do dia, ainda não
concluira sua parede, enquanto seu colega já estava de banho tomado e
cartão de ponto na mão, doido para sair correndo para casa.
Portanto,
as prescrições homeopáticas erradas de nossas vovós e, o que é pior, de
muitos médicos mal-preparados, jamais curam, quando muito propiciam
pequenas melhoras e as doenças demoram um longo período ativas antes de
serem suprimidas. Além disto, as receitas corretas, como referi acima,
feitas por bons homeopatas, vão fundo nos enfermos e, aí, passam a
debelar os males presentes, etapa por etapa, até chegarem à cura
desejada, necessitando, para isto, algum tempo, tão mais longo quanto
mais antiga for a doença. E, ainda mais, nesse processo de cura, pode-se
presenciar pequenas reações, chamadas de agravações homeopáticas, além
de breves passagens dos doentes pelos antigos males que tiveram na vida
(Lei de Hering), situações estas importantíssimas para a cura e que são
desastrosamente medicadas por mãos inábeis. Não é de admirar, por tudo
isto, que um tempo mais dilatado, às vezes, será necessário para se
curar alguém, mas curar realmente, em sua totalidade, não apenas fazer
uma ou outra doença sumir. Entretanto, em se tratando de doenças agudas,
como gripes, infecções urinárias, pneumonias etc, o tratamento
homeopático mostra toda a sua velocidade de ação, às vezes superior aos
antibióticos e antinflamatórios tão endeusados em nossos dias.
Assim, nos casos crônicos, não é a Homeopatia que pode ser acusada de lenta mas, sim, é a doença que está profundamente instalada no organismo, manifestando-se ora com uma denominação, ora com outra e sendo, no fundo, uma só enfermidade, conforme assinalei em artigos adiante.
Quem
diz isso mostra bem o seu total desconhecimento do assunto. Já soube de
alguns alopatas que assim “orientaram” seus pacientes: “Para alergia a
homeopatia serve, mas nem pense em tratar de otites com um homeopata. Só
vai continuar piorando”. Falam desta forma e nunca leram um compêndio
homeopático ou observaram, com isenção, os resultados obtidos. É
assustador... Em meus anos de prática homeopática já tratei de
enfermidades as mais variadas, com sucesso em grande parte delas, graças
a Deus, e esta casuística não é exclusividade minha, pode ser dividida
com a maioria dos homeopatas de todo o planeta.
3º A HOMEOPATIA É UM TRATAMENTO À BASE DE PLANTAS.
Errado.
Usam-se os três reinos da Natureza na elaboração dos remédios
homeopáticos – mineral, vegetal e animal (vide artigo adiante).
Exemplos: Calcarea sulphurica – mineral, Lycopodium – vegetal, Lachesis –
animal.
A especialidade médica que utiliza somente plantas como remédios denomina-se Fitoterapia e é um ramo da alopatia, nada tem com a homeopatia. Chás e tinturas não são remédios homeopáticos.
A especialidade médica que utiliza somente plantas como remédios denomina-se Fitoterapia e é um ramo da alopatia, nada tem com a homeopatia. Chás e tinturas não são remédios homeopáticos.
4º A HOMEOPATIA É COMPLICADA DE USAR PORQUE SE FAZ NECESSÁRIO TOMAR OS REMÉDIOS MUITAS VEZES AO DIA.
A que Homeopatia alguém que assim fala está se referindo?
Infelizmente, existem duas Homeopatias: a pluralista e a unicista. A pluralista receita mais de um remédio para cada enfermo, enquanto a unicista utiliza somente um remédio, em doses eventuais.
Infelizmente, existem duas Homeopatias: a pluralista e a unicista. A pluralista receita mais de um remédio para cada enfermo, enquanto a unicista utiliza somente um remédio, em doses eventuais.
Não deveria haver
esta divisão pois a filosofia homeopática é muito clara em seus
princípios, mas o ser humano tem sintonias tão fortes com algumas
tendências, mesmo dentro da Ciência, que fica difícil mudar seus pontos
de vista.
É sabido a irritação de Hahnemann com os homeopatas que praticavam o pluralismo, já naqueles tempos recuados. E com razões lógicas para isto, entre outros motivos pelo fato das ações dos medicamentos homeopáticos serem estabelecidas remédio a remédio, após ingestão de apenas um de cada vez, isoladamente, pelo experimentador sadio, conforme vimos no artigo anterior. Ora, as substâncias mudam de princípios e de ações quando misturadas, o que é fácil de se constatar no dia-a-dia já que, por exemplo, leite é uma substância, café é outra e café-com-leite uma terceira, de sabores e propriedades diferentes entre si. Portanto, é complicado usar os remédios que um homeopata pluralista receita, variados e repetidos ao longo do dia, mas, não, as doses únicas ou pouco freqüentes do medicamento que o homeopata unicista recomenda.
5º FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO E FARMÁCIA HOMEOPÁTICA SÃO A MESMA COISA.
É sabido a irritação de Hahnemann com os homeopatas que praticavam o pluralismo, já naqueles tempos recuados. E com razões lógicas para isto, entre outros motivos pelo fato das ações dos medicamentos homeopáticos serem estabelecidas remédio a remédio, após ingestão de apenas um de cada vez, isoladamente, pelo experimentador sadio, conforme vimos no artigo anterior. Ora, as substâncias mudam de princípios e de ações quando misturadas, o que é fácil de se constatar no dia-a-dia já que, por exemplo, leite é uma substância, café é outra e café-com-leite uma terceira, de sabores e propriedades diferentes entre si. Portanto, é complicado usar os remédios que um homeopata pluralista receita, variados e repetidos ao longo do dia, mas, não, as doses únicas ou pouco freqüentes do medicamento que o homeopata unicista recomenda.
5º FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO E FARMÁCIA HOMEOPÁTICA SÃO A MESMA COISA.
De
jeito nenhum. A Farmácia de Manipulação, tão comum no momento, trabalha
com substâncias em bruto, recomendadas pela alopatia. Já a Farmácia
Homeopática manipula remédios dinamizados, isto é, diluídos e agitados,
segundo princípios próprios à especialidade.
Algumas Farmácias de
Manipulação estão, também, se dedicando à Homeopatia e, quando fazem
esta opção, precisam de pessoal, maquinaria e instalações específicas
para este fim, se pretendem produzir remédios de boa qualidade. Seria
mesmo absurdo se, em um mesmo espaço, as farmácias manipulassem
substâncias cruas e remédios homeopáticos.
Logo, cuidado com suas escolhas. De nada adianta o esforço do médico em receitar um remédio correto se, na farmácia, botam tudo a perder, por má fé, ignorância ou ganância.
"com raras e honrosas excessões encontramos explicações tão claras e objetivas e por isso ficamos felizes. Quando há clareza tudo reluz, quando á obscurantismo nos perdemos - a Homeopatia é feita sobretudo de respeito, sensibilidade, amor e suavidade"
HOMEOPATAS DOS PÉS DESCALÇOS
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