Translate

UM NATAL FEITO DE GENTE


Nós, mulheres da AMSK/Brasil, vimos por ocasião das festas de Natal e passagem de ano, desejar com renovados votos de respeito, mas, com todo simbolismo espiritual e filosófico que possa representar: confiança, acolhimento, *solidariedade*, *amor*, *vontade* de servir à humanidade, *resiliência* e *resistência*!
Como diria “Alda”, em suas reflexões e inspiração, esse não é um texto religioso, mas uma reflexão filosófica e aplicada do Cristo que habita em nosso entendimento cotidiano.

Sim, o nascimento de Jesus Cristo foi um grande ato de resistência! A aceitação da missão dos seus pais em cuidar e educar um filho ilegítimo com devoção, foi um ato de extremo amor e "vontade" de servir a humanidade, e sobretudo de confiar em algo bem maior que seus desejos individuais, preconceitos e para muito além da compreensão de seu tempo. Quem dera as tantas falas se tornassem reais e físicas.

O reconhecimento do nascimento de Cristo pelos reis magos, a cessão da manjedoura pelos camponeses, campesinos, forasteiros, estrangeiros que somos todos, indígenas refugiados em sua própria terra. Atos de confiança, coragem e solidariedade contra a ordem vigente! Atos de sobrevivência. Houve uma clara opção pela resistência a vida, contra a barbárie e contra o genocídio étnico e de classe.

Todos esses momentos foram manifestações da "vontade" de servir a humanidade e de resistência a ordem estabelecida que negava a bondade, a paz e a "justiça" social. A mesma ordem que por vezes tenta nos retirar a dignidade, alargando cada dia mais a distância entre ricos e miseráveis.

Sabemos que a luta por valores cristãos filosóficos tem sido árdua e que está longe de acabar, mas que o real significado do nascimento de Cristo reverbera hoje como o fez há milênios, tanto nas críticas ácidas, quanto no acolhimento e na luta pelos necessitados e excluídos a moradia, a terra, ao trabalho e ao sustento, a saúde, a educação, a justiça e ao afeto!

Hoje, esperamos que o significante da palavra “cristianismo” seja resgatado e preencha as palavras vazias tão profanadas por falsos templos, profetas e fiéis que esqueceram o valor espiritual, filosófico e político da palavra de Jesus! 

Que as palavras de Cristo libertem os oprimidos, os encarcerados, as mulheres e as crianças, os idosos, os presos políticos e os injustiçados, ao invés de oprimir. Que tragam luz, ao invés de obscurecer a verdade, que tragam acolhimento e solidariedade ao invés de ódio, exclusão e intolerância! Que tragam a justiça e o fim das desigualdades para todos! Que tragam as pessoas para a fraternidade além das fronteiras dos templos, dos Estados, das religiões, organizações e culturas. Fronteiras essas que matam irmãos, separam semelhantes e enterram nossos filhos e filhas.
Esse foi o Cristo que conheci, sem templos, caminhando ao lado do povo, dos pobres e excluídos, atravessando desertos e que tanto gostaria de enxergar nas ações de muitos que se proclamam seus porta-vozes! Foi com esse Jesus que aprendemos sobre dignidade, respeito e liberdade.

É em nome desse Cristo que desejamos confiança, amor, solidariedade "vontade" de servir ao projeto de humanidade e muita resiliência para ser resistência ao que não interessa a "nossa casa comum"! E viva as nossas crianças, que mais do que nosso futuro, são o nosso presente, e que de nós, só confiam no que temos de melhor.

AMSK/Brasil

UBS Dinamarca é referência para a saúde da população cigana


A Secretaria de Saúde, em conjunto com a Subsecretaria da Igualdade Racial, formalizou nesta sexta-feira (14) a UBS Dinamarca como Unidade de Referência à Saúde da População Cigana na cidade. A medida atende recomendação do Ministério da Saúde e da Associação Internacional Maylê Sara Kali, que ressalta a importância do reconhecimento da cultura e tradição dos povos ciganos para o cuidado em saúde, bem como legitima a existência de três grandes grupos: os Rom, os Sinti e os Calon.
Por abrigar um acampamento com moradores fixos e itinerantes da etnia Calon, na Vila Dinamarca, há alguns anos, Guarulhos decidiu formalizar a Unidade Básica de Saúde do bairro como UBS de referência à saúde dessa população. A normatização se deu por meio da Portaria Municipal 184/2018, publicada no mês passado, que estabelece diretrizes para garantir um atendimento de qualidade ao povo cigano, de acordo com suas especificidades e em conformidade com os princípios do SUS: universalidade, integralidade e equidade.
Para tanto, as equipes de Saúde foram treinadas para realizar o acolhimento do povo cigano, respeitando sua cultura e hábitos de vida e considerando as vulnerabilidades e os determinantes sociais que podem ocasionar agravos à saúde dessa população, tais como moradias precárias, falta de acesso a saneamento básico, iluminação inadequada, entre outros fatores. Essas ações serão respaldadas pela Portaria 184/2018 que, entre outras coisas estabelece medidas educativas para propiciar conhecimento e estimular as etnias ciganas a utilizarem a rede municipal de saúde.
Além disso, garante profissionais de saúde do sexo feminino para atender as mulheres ciganas e profissionais do sexo masculino para atender aos homens ciganos, em atendimentos individuais ou grupais, nos cuidados de prevenção, promoção e tratamento em saúde. Também assegura o respeito à hierarquia cultural nos espaços de moradia por meio de comunicação às lideranças do acampamento, nas ações de saúde a serem realizadas junto aos povos ciganos.
Outra garantia disposta pela Portaria é o acolhimento qualificado nas salas de parto dos hospitais, a fim de estimular que as gestantes ciganas possam realizar o pré-natal e o parto em Guarulhos, sem que tenham de se deslocar para outro município. Por fim, considerando o caráter itinerante dos povos ciganos, estabelece estratégias para garantir o calendário vacinal e o bloqueio de doenças específicas.
“A publicação desta Portaria contribui para melhorar o acolhimento e o respeito à diversidade cultural, a educação em saúde, bem como para qualificar os indicadores de saúde, ajudando na construção de políticas públicas eficientes”, destacou Alice Aparecida dos Santos, da Rede de Atenção aos Direitos Difusos da Secretaria de Saúde.
Imagens: Sidnei Barros/ PMG