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MATERIAL QUE VALE A PENA SER LIDO





REVISTA DE HOMEOPATIA 2012;75(1/2): 1-13

Estudo prospectivo observacional de uma série de casos de dor osteomusculoarticular crônica com organoterápicos associados ao tratamento homeopático convencional.
Isabel Horta
INTRODUÇÃO:

Medicamentos constitucionais (MC) são aqueles que apresentam semelhança individualizada com a totalidade sintomática característica dos pacientes, enquanto que os organoterápicos (OT) são matrizes medicamentosas preparadas a partir de elementos constituintes do corpo.

Tabela 1. Indicações dos preparados organoterápicos (OT) utilizados no estudo OT

Indicação

Tecido ósseo + ligamento + tendões
+ cartilagem - Dor osteoarticular - Tecido Sinovial e cápsula. Dor articular/Fibras musculares/Dores musculares/Nervo total/Dor envolvendo qualquer nervo, dormências e/ou edema/Nervos radial e mediano/Síndrome do carpo/Nervo ciático/Ciática/Disco intervertebral/Hérnia de disco.


NOSÓDIOS
Existe uma variada gama de terminologias para as diferentes substâncias : Os Nosódios, segundo Dr. FABIAN URIBE(1940) foram conceituados como produtos de origem patológica, experimentados homeopaticamente, isto é, que possuíram experimentação pura patogenesia própria, como Psorinum, Pyrogenium, Medhorrinum e rechaçam outras como Influenzinum, Botulinum, Micrococcinum,etc., qualificando-os como Isopáticos.
Já de acordo com ALLENDY (Manual de normas técnicas, 1994) são produtos de origem patológica, empregados como medicamentos segundo o uso homeopático das diluições. Tais medicamentos podem preparar-se a partir de um exsudato, pus, micróbio, pedaço de tecido enfermo, um parasito. Assim, nesta explanação, os Nosódios não são unicamente aqueles produtos de origem patológica que passaram pela experimentação pura, prévia com atenuação, mas todos aqueles que reúnam os dois requisitos que definem esta classe de medicamentos, isto é, produtos de origem patológica e que são utilizados em diluições ou atenuações segundo o Princípio de Similitude, seja similitude sintomática ou etiológica.
Na Matéria Medica de CLARKE (1978) verifica-se que foi o próprio Hahnneman quem fez a primeira experimentação com nosódios, a partir do,líquido extraído de uma vesícula sarnosa . Surgiu então o Psorinum. O indivíduo não precisa estar com sarna para ser curado por Psorinum, mas terá grande melhora clínica ou cura de qualquer alteração mórbida, se estiver presente a sintomatologia similar, como debilidade geral, falta de reação vital, evacuações fétidas junto com prurido, bulimia, etc.
Podemos também tomar como exemplo o “Syphillinum” ou “Luesinum” onde o indivíduo doente não precisar ter sífilis, mas se tiver sintomas como desejo de álcool, vontade de lavar as mãos constantemente, será aliviado de qualquer enfermidade que apresentar..
De modo geral, há uma tendência para se considerar que os nosódios sejam produtos mais ou menos “estandartizados”, aplicáveis a qualquer enfermo segundo o princípio de semelhança, enquanto que os isopáticos são produtos que correspondem a um princípio de identidade com o agente patogênico.
ISOTERÁPICOS
A isopatia (equalia equalibus) data de Galeno, dos médicos alquimistas e dos Espagíricos de Paracelso. Entre os primeiros se encontra Robert Fludd, que dizia: “O espírito de um tísico, depois de preparação apropriada, cura a tisis” (BROTTEAUX,1947). Foram o Dr. Hering em 1810 e o veterinário Wilheim Lux em 1833, quem incentivaram e disseminaram a técnica da isopatia ou isoterapia , e entre outros tivemos o Dr. Benoit-Jules Mure, que chegou ao Brasil em 1840 e em nossos dias, o saudoso Dr. Roberto Costa, que trabalhou incansavelmente até poucos anos atrás.
HAHNNEMAN em seu Organon – & 56 – (1995) disse “…que haveria também outro meio de tratar as enfermidades, ou seja, pela isopatia, isto é, tratando uma enfermidade pelo miasma que a produziu; mas mesmo que isso fosse possível, o qual seria um descobrimento precioso, como não se administraria o miasma ao enfermo, senão até após havê-lo modificado até certo ponto pelas preparações a que se submeteria, a cura só teria lugar neste caso, opondo-se um simillimum a um simillimum. … Mas a vacina e a varíola só são semelhantes e de modo algum igual à enfermidade” .
Como se vê, o Mestre não desdenhava a isopatia ou isoterapia e ainda a qualificava dentro da Lei dos Semelhantes, com a ressalva que somente o verdadeiro medicamento homeopático teria ação de similitude, com a capacidade da cura definitiva do indivíduo como um todo. Mas ele estava consciente que as primeiras vacinas anti-variólicas, consideradas como isoterapia atenuaram a carga morbífica da verdadeira praga que era as epidemias de varíola de seu tempo. Na verdade, o modo de ação destas medicações assemelham-se muito com o atual estudo sobre a ação de substâncias sobre a potencialização dos mecanismos de defesa do indivíduo, em especial os peptídeos microbicidas.
Além das descrições já vistas, podemos citar ainda os medicamento chamados opoterápicos ou organoterápicos, advindos de hormônios e fluidos metabólicos orgânicos (Folliculinum, Cholesterinum, Thyroidinum, Cortisol, etc), utilizados em distúrbios endócrinos ou como moduladores imunológicos.


BIOTERÁPICOS
Nos últimos anos ocorreu uma normatização destes muitos fármacos e surgiu o “Manual de Normas Técnicas para Farmacêuticos Homeopatas”(1994). Temos então:

BIOTERÄPICOS “CODEX”- a partir de soros, vacinas, toxinas ou anatoxinas inscritos na Farmacopéia Francesa . Entre eles Aviarium, Diphterinum, Influenzinum, Staphylococcinum, Turbeculinum(TK), etc.;

BIOTERÄPICOS SIMPLES - a partir de “vacinas estoques”, constituídos por culturas microbianas pras, lisadas e atenuadas em condições determinadas.Como exemplos temos Colibacillinum, Enterococcinum, Staphylococcinum, Streptococcinum, Paratyphoidinum B, etc.;

BIOTERÄPICOS COMPLEXOS – são definidos pelo seu modo de obtenção (secreções ou excreções patológicas) ou seu modo de preparo.podemos observar o Anthracinum,o Luesinum, o Medorrhinum, o Morbilinum, o Pertussinum, o Psorinum, o Pyrogenium, o Oscilococcinum,etc.;

BIOTERÁPICOS DO DR. ROBERTO COSTA- são preparados com microorganismos vivos ou alérgenos na escala decimal, por fluxo contínuo. Alguns deles são: Acaro, Apis mellifica, Acetilcolina, Blatta orientalis, Brucella complexo, Candida albicans, Cristalinum, Culex irritans, Carrapato canino, Dermatophagoidinum farinae, Dermatophagoidinum, pteronyssus. E.coli, Herpes nosódio, Histaminum, mofo, pelo, poeira e germes respiratórios, Pulmão, Histaminum, Seroronina, St. complexo, Streptococcus complexo.
Além destes, citam-se Botulinum, Carcinosinum, Cholesterinum, Hydrophobinum, Oscilococcinum, Pertussin, Pyrogenium, Thyroidinum, Vaccininum, Variolinum, etc.
Existem vários trabalhos sobre a comprovação clínica da ação dos medicamentos bioterápicos. O medicamento Carcinosinum, cujas preparações iniciais foram feitas por KENT, BURNETT e por CLARKE no século XIX, pode ser considerado um produto verdadeiramente homeopático, a partir de epitelioma maligno mamário feminino, agindo na esfera mais abstrata, ligada a sintomas psicossomáticos secundários a transtornos emocionais ligados a perdas e também naquelas crianças com história familiar de câncer, diabete, anemias perniciosas, tuberculose, sendo que suas indicações estão ligadas a uma numerosa variedade de sintomas. Como isoterápico, é muito útil no controle do crescimento de tumores expansivos (GIBSON, 1987).

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